Quando pretendemos comprar uma casa queremos um bom agente imobiliário. Alguém de confiança, que demonstra experiência, que nos informa da sua metodologia de trabalho, que saiba responder às nossas perguntas sem hesitar. Ou seja, que não nos dá respostas evasivas e genéricas, do género, “que eu saiba não”, “acho que sim”, “não é da minha área”, “nunca ninguém me perguntou isso”, ou ainda pior “já tenho uma oferta e preciso de uma resposta rápida”, “é uma oportunidade de uma vida”, “parece pior do que está”, “essa infiltração já está resolvida”.. etc… O leitor consegue facilmente acrescentar mais umas quantas frases a esta pequena listagem.
1- Qual o estado de conservação da casa?
Parece uma pergunta obvia, mas a maior parte dos agentes imobiliários não sabe responder. E arrisca-se a ouvir: Razoável, quando na verdade não está grande coisa, boa quando na realizada está, como se costuma dizer…. mais ou menos e por aí adiante.
Normalmente os olhos do comprador não estão “treinados” para avaliar corretamente o estado de conservação de uma habitação. Peça ajuda a quem sabe.
2 – Como estão as infraestruturas (rede de eletricidade, canalizações e gás)
Mais uma vez não sabem. A maior parte dos agentes imobiliários vende o que se vê, mas existem várias perguntas técnicas que importa fazer e saber, mesmo sobre o que não está à vista.
E a culpa nem é deles, pois não estão formatados para responder a este tipo de questões. Para se aquilatar do estado das infraestruturas há que fazer o investimento, que o proprietário nunca o quer fazer, e adquirir um parecer técnico independente sobre o estado das infraestruturas.
3 – A casa costuma ter humidades, infiltrações ou condensações
Nesta fase, o agente imobiliário vai-lhe dizer: “só me faz perguntas difíceis”, mas se fossem fáceis, não precisávamos de um agente imobiliário.
É claro que já sabem a resposta que vai ter. Infelizmente, muitas vezes deparamo-nos com um apartamento pintado recentemente e parece-nos que está tudo em condições.
Peça ajuda a um técnico especializado que através de equipamento, como câmara térmica, consegue ver o que os nossos olhos não vêm.
4 – Como estão as fachadas e telhados?
Sim, adivinhou.
Importa saber se há algum problema com as fachadas e telhados, que nos podem trazer encargos futuros.
Há falta de azulejos? Os azulejos estão ocos ou fissurados? há azulejos de cores diferentes? São todos indícios de problemas com as fachadas.
Os rufos estão oxidados? As telas levantadas? O telhado é de lusalite com amianto? As chaminés estão fissuradas?
Se encontrar algum destes indícios, brevemente vai ter gastos com a reabilitação do telhado.
5 – Estão previstos encargos futuros?
Este é um ponto muito importante que necessitamos mesmo de saber. Muitas vezes estão previstos encargos com obras ou reparações, que já foram aprovadas em ata de assembleia de condóminos e que também terão de custear, pois essa responsabilidade passa para o novo proprietário.
6 – Há dívidas?
Parece estranha esta pergunta, mas não é. Devemo-nos informar de basicamente duas questões:
a) O atual proprietário tem dívidas para com o condomínio? Mesmo havendo uma declaração de não dívida por parte do proprietário, não caia nessa. Vai dar problemas futuros com o condomínio e um ponto que pode resolver à partida descontando o valor da dívida, caso exista, ao valor do imóvel.
b) O condomínio tem dívidas para com os fornecedores? Por vezes acontece que há dívidas assumidas pelo condomínio, como por exemplo aos elevadores, por má gestão anterior, passando também estes encargos para o novo dono. Mais uma vez há que descontar estes valores ao proprietário.
7 – Qual o preço?
Não, não me esqueci do preço.
Pode parecer estranho o preço vir em último lugar, no entanto, antes de sabermos as respostas às primeiras 6 questões conseguimos em consciência dizer que se a casa é cara ou barata?
Nunca trabalhe com quem não confie, não gosta ou não se identifique.
Reúna o máximo de informação possível, nem que para isso tenha que recorrer a empresas especializadas na área, uma vez comprar uma casa é quase sempre o investimento das nossas vidas.